Resenha: Peter e Wendy

19:38


Segunda à direita, e depois sempre em frente, até o amanhecer...

Heeey, pessoinhas da minha vida!

Tudo bem com vocês? Espero que sim! Comigo está tudo ótimo! Sem recuperações! ~le dancinha escrota \o/

Hoje eu e minha irmã decidimos nos aventurar na cozinha. Fizemos um bolo de chocolate e preciso dizer: ficou ma-ra-vi-lho-so!!! Tá, nem tanto! Mas ficou bom! : ) kkkkkkk...

Como o bimestre acabou tive um tempinho para ler livros sem ser para a escola. Recentemente terminei "Corações Feridos". Incrível, por sinal. Mas não é dele que venho falar hoje. Já faz um tempinho eu fui no cinema com meus pais, porém, esse cinema ficava dentro de uma livraria. Ou seja, vomitei arco-íris, óbvio! Encontrei uma estante de livros de bolso e achei um livro que reunia duas histórias com Peter Pan. Sempre amei a história do garoto que não queria crescer. Depois de ler o livro, virei fã de J. M. Barrie. O modo com o autor toca o coração do leitor fazendo com que se recorde se sua infância é fascinante.

James Matthew Barrie nasceu em Kirriemuir, na Escócia, em 1860, o nono entre os dez filhos do casal David e Margaret. Aos sete anos sofreu um trauma muito forte com a morte do irmão David e a decorrente depressão da mãe.
No ano de 1896, Barrie produziu dois trabalhos importantes: Margaret Ogilvy, a biografia de sua mãe, e Sentimental Tommy, um romance, que assim como o seguinte, Tommy And Grizel (1900), antecipou o seu mais famoso personagem, Peter Pan. A peça Peter Pan, Or The Boy Who Would Not Grow Up estreou em Londres em 27 de dezembro de 1904 e foi um sucesso imediato. Barrie, posteriormente, publicou o trecho de Little White Bird dedicado a Peter Pan em um volume intitulado Peter Pan em Kensington Gardens, em 1906, e depois transformou aquela peça em um romance, Peter e Wendy, em 1911. O qual falarei melhor no post. Vamos conferir?


"Quando terminei de ler a obra Peter e Wendy, me perguntei o que teria acontecido se ela tivesse resolvido por aceitar a opinião de Peter sobre mães e decidido permanecer na ilha? Ou, o que aconteceria se eles chegassem em casa e se deparassem com a janela fechada? Acabei por perceber que ela não seria tão mais feliz do que é hoje, crescida. Sim, assim como Peter viveria aventuras que jamais outra criança sonhara em ter. E adorava ser mãe dos meninos perdidos. Mas ela nunca teria de Peter o que realmente desejava. Assim como ela mesma, jamais sentiria o sentimento cruel e doloroso, mas ainda assim adorável, que é o amor. Ela não queria de Peter apenas o amor de um filho devotado. Mesmo que ela mesma não compreendesse muito bem o que esperava dele. Mas, como ele mesmo afirma, ele é a Juventude, a Alegria. E não um menino qualquer. Ele não quer crescer e não vai. Ele é o menino que, mesmo depois de tanto tempo, ainda tem todos os dentes de leite. E vai estar sempre esperando aqueles que sejam alegres e inocentes e desalmados o suficiente para voarem à Terra do Nunca;  segunda à direita, e depois sempre em frente, até o amanhecer."

Escrevi esse textinho assim que acabei de ler o livro. Estava em prantos. Sempre amei a ideia de ser criança para sempre. Talvez seja por isso que ainda guardo um pouco da minha inocência dentro de mim. Quem não conhece o menino que não queria crescer? Peter, Sininho, Wendy, Capitão Gancho, personagens que ficarão sempre gravados em minha memória.

Uma característica marcante de Peter é - além de se recusar a ser um homem - esquecer das coisas, inclusive da própria Wendy. Isso o ajuda a não crescer. Pois para ele tudo é novo, mesmo que não seja! E é por isso que suas emoções são tão fortes.

É o que acontece, por exemplo, em uma das lutas contra o Capitão Gancho. A certa altura ele vê que pode vencer facilmente, mas, percebendo que o inimigo está em desvantagem, estende-lhe a mão para que suba ao ponto mais alto da pedra. Em resposta, Gancho lhe dá uma mordida.

"O que atordoou Peter não foi a dor, foi a injustiça daquilo. Ele ficou inconsolável. Só conseguia olhar para mão, horrorizado. Toda criança sofre esse tipo de mágoa quando recebe um tratamento injusto pela primeira vez. Quando se aproxima de você, a criança acha que tem direito de esperar um tratamento justo. Depois de você ter tratado um menino com injustiça, ele voltará a amar você, mas nunca mais será o mesmo menino. Ninguém supera a primeira injustiça; ninguém exceto Peter. Ele sempre se deparava com a injustiça, e todas as vezes se esquecia dela. Acho que era essa a maior diferença entre ele e todos os outros." (p. 96)

Peter pode ser incrivelmente astuto com uma espada, mas tem um coração inocente. Para ele tudo tem a intensidade de uma primeira vez. O que o caracteriza como criança, sempre descobrindo algo novo. Esqueça o Peter Pan risonho e adorável da Disney. O personagem de Barrie é um garoto curioso, aventureiro, arrogante e autoindulgente. Assim como Sininho, que é uma fadinha rechonchuda com personalidade forte. Adjetivos como "desbocada" e "ciumenta" se tornam apropriados.

A Terra do Nunca é uma referência ao imaginário das crianças: “As Terras do Nunca Variam bastante, é claro. A ilha de John, por exemplo, tinha uma laguna com flamingos voando por cima, nas quais John ficava dando tiros, enquanto que a do pequeno Michael tinha um flamingo com lagunas voando por cima. John morava num barco que estava virado de cabeça para baixo na areia, Michael numa tenda indígena e Wendy numa casa feita com folhas habilmente costuradas. John não tinha amigos, Michael tinha amigos à noite e Wendy tinha um lobinho de estimação que fora abandonado pelos pais; em geral, porém, as Terras do Nunca possuem uma aparência meio semelhante, familiar, e se elas se parassem uma do lado da outra você poderia dizer que todas têm o mesmo nariz e assim por diante. Para todo sempre, crianças imaginativas chegarão a essas praias mágicas em seus barquinhos. Nós também já estivemos lá; ainda podemos ouvir a rebentação das ondas, mas nunca mais desembarcaremos.” (p. 14).

J. M. Barrie morreu em decorrência de uma pneumonia em 1937. Seus últimos trabalhos incluem as peças Dear Brutus (1917), Mary Rose (1920) e The Boy David (1936).


“O espírito imaginativo que Barrie criou para se opor à institucionalização tornou-se amplamente institucionalizado e comercializado ao longo de todo o século XX. Ainda assim, Peter Pan, como o seu criador, é uma figura intrometida e imprevisível, que insiste em continuar voltando para dar um jeito na nossa realidade e arrebatar as pessoas ainda dispostas a acreditar no poder das fadas”.

- Jack Zipes

É isso! Espero que tenham gostado e comentem!
Beijos ;*

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2 comentários

  1. Estou sendo sincera quando digo que você escreve muito bem ^^
    Fora que sua resenha me deixou curiosa para ler esse livro, não é o meu estilo de leitura mais eu gostei, nunca tinha visto esse lado do Peter.
    Adorei

    http://breathingnewthings.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Ooonw! Muito obrigada! ^^
      O livro é maravilhoso! Vale muito a pena! :))

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